A espiritualidade está ganhando terreno em nossa sociedade e está se estendendo ao universo empresarial. Mas é importante não confundir espiritualidade com religião.
Espiritualidade nas empresas não significa crenças ou dogmas religiosos. Quando uma corporação incorpora os princípios da espiritualidade em sua cultura organizacional, ela está, na verdade, fortalecendo os seus princípios éticos e morais, que não devem estar desconectados dos objetivos de uma empresa, que precisa dar lucro para prosperar.
Adotar a espiritualidade no ambiente de trabalho é compreender, de fato, o propósito de sua empresa na sociedade
O que isso significa?
Toda empresa possui vocações alinhadas com princípios espirituais, como contribuir com soluções para a sociedade, oferecendo produtos e serviços que resolvem problemas ou gerar prosperidade, gerando empregos e pagando impostos.
Este alinhamento pode ser comprometido quando os propósitos da empresa não acompanham essas vocações, como, por exemplo, não se preocupar genuinamente com o impacto de seu produto ou serviço na sociedade, ou gerar prosperidade apenas para o empresário, em detrimento dos clientes.
As repercussões desse desalinhamento são óbvias, mas isso não impede que ocorram.
Quando os clientes em potencial não percebem o benefício real do produto ou serviço, a empresa tem que recorrer a estratégias intensivas de marketing – que gera custos adicionais – ou manipulação – que gera desgaste e frustração – para que a venda ocorra. A empresa enfrentará críticas nas redes sociais, processos judiciais e uma necessidade constante de inovação ou aprimoramento.
Se não houver um interesse genuíno em gerar riqueza para a sociedade, o empresário pode desenvolver sentimentos negativos intensos, como egoísmo, ganância e arrogância, que resultam em desejos descontrolados (sempre querendo mais) e o levam a uma espiral descendente de níveis de consciência. A ganância leva ao medo (de perder o que foi conquistado), tristeza, angústia, culpa e vergonha. São esses sentimentos negativos que levam ao estresse e doenças, o custo pago pela desvalorização de condutas éticas e morais.
Nesse estágio, você deve ter compreendido que a espiritualidade não tem nada de místico e que todos esses preceitos já são bem conhecidos. A espiritualidade traz o valioso ensinamento que todas as escrituras sagradas ou todos os mestres espirituais expressam, independentemente da forma como é transmitido.
De nada adianta ter uma vasta quantidade de informação e conhecimento sobre conceitos morais se você não os aplica na sua vida. Ou, no caso deste artigo, aplique princípios espirituais básicos nas empresas.
Buda disse:
“Mesmo que você leia muitas escrituras sagradas e fale sobre elas, que bem elas fazem se você não agir de acordo com elas?”
Jesus disse:
“Conheça a verdade e a verdade vos libertará.”
Talvez você concorde com o que foi apresentado neste artigo, mas como os mestres citados acima disseram, ter a informação correta e não transformá-la em prática é inútil.
Como podemos efetivamente introduzir a espiritualidade nas empresas?
Transforme conhecimento em ação!
É possível que os princípios espirituais façam parte de sua vida profissional se você começar gradualmente, com uma atitude de cada vez, ou por ciclo de aprendizado.
Para iniciar, basta fazer essas sinceras reflexões:
– “Meus clientes, equipe, parceiros e fornecedores estão felizes? O que eu poderia fazer para trazer mais felicidade ao ambiente de trabalho?”
– “O que eu devo mudar para ter mais empenho e amor pelo que faço?”
– “As pessoas ao meu redor estão satisfeitas, independentemente dos desafios do mundo empresarial? Eu poderia de alguma forma ajudá-las nisso?”
– “Meu trabalho serve à sociedade?”
Ao fazer esses questionamentos, você começa a enxergar o ser humano por trás de números, de tarefas, de serviços e de dinheiro. Naturalmente, a espiritualidade começa a se fazer presente.
Um bom sinônimo de espiritualidade nas empresas é conexão
Experimente buscar a essência do outro, criar uma conexão, coração com coração, com quem você convive de segunda a sexta. Note que esse tipo de conexão não se vê normalmente no ambiente empresarial, e só isso já é um tremendo diferencial competitivo!
Ao longo do tempo, essas práticas podem se tornar parte integrante da cultura da empresa, ajudando a criar um ambiente de trabalho mais harmonioso e produtivo, e reforçando o propósito e os valores da empresa.
Pode não ser um caminho fácil, especialmente em ambientes competitivos. No entanto, os benefícios a longo prazo, tanto para a saúde mental e emocional dos colaboradores quanto para o sucesso e a sustentabilidade da empresa, são inestimáveis.
Em última análise, a espiritualidade nas empresas é sobre colocar as pessoas em primeiro lugar, reconhecer a interconexão entre todos nós e entender que, quando cada membro da equipe é valorizado e apoiado para se tornar a melhor versão de si mesmo, a empresa como um todo prospera.
Então, se você deseja ver esses princípios espirituais florescerem em sua empresa, comece pequeno, mas comece hoje. Cada pequeno passo que você der nessa direção, seja um gesto de bondade para com um colega de trabalho, seja a decisão de agir com integridade mesmo quando ninguém está olhando, está ajudando a criar uma nova forma de fazer negócios – uma que é sustentável, ética, e que coloca a humanidade em seu coração.
E ao fazer isso, você não só estará transformando a sua empresa, mas também estará desempenhando um papel crucial na transformação do mundo dos negócios como um todo. E isso, sem dúvida, é um propósito digno de ser perseguido.
Levar espiritualidade para as empresas significa, tão somente, estar presente.
Boas práticas!